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Biscoito da Sorte
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Ao coletar os dados iniciais e examinar as informações, detectou que estava pisando em terreno movediço. A companhia turística era gerenciada pela máfia, que perpetrava o seu péssimo procedimento de assassinar os seus concorrentes. Como os seus traços de personalidade eram avessos a pressuposições, não computou nenhum cálculo antes de mergulhar de cabeça no reverso e defrontar-se com as circunstâncias concretas da trama. Sua assistente agendou seu encontro com o senhor Balázs. Quando estacionou o seu automóvel no pátio da empresa Utazás, ficou deslumbrado com tamanha ostentação. O acesso aos corredores que levavam à sala de imprensa era forrado com um tapete persa e totalmente revestido com pastilhas de mármore confeccionadas artesanalmente sob medida.

Ao contrário do que idealizara, o senhor Balázs não o aguardava num espaço propício para conferências. O diálogo ocorreu no camarote supradisposto de um auditório de teatro. Balázs gostava mesmo de exibir seu luxo. No palco, uma encenação de dança erudita era representada. A música, de tão agradável, não era empecilho para a conversa. E os gestos leves dos dançarinos davam o tom pacato para que as interlocuções acontecessem com amenidade. A lonjura considerável daquela instalação da plateia para o cenário também cooperava com a privacidade dos dois.Clicando aqui, você lê o conto completo
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Há muito tempo, eu aqui, ouço falar
Do tal jeitinho brasileiro. O que é que há?

Que eles chamam de talento
Não entendo, mas eu tento
Compreender por quê.

Não se engane, meu rapaz
Quem está indo pra trás
É mesmo você.

Um malandro que é do bem
Anda com me diz com quem?
Pra onde irá?

O malandro vai pra frente
Quando vai com toda gente
Todos vão ganhar.
Trecho da letra de música "Malandragem do bem"
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Naquela quinta-feira, cheguei quarenta minutos mais cedo ao trabalho e passei na padaria pra tomar café da manhã. Pedi uma média com leite e um croissant, liguei o meu notebook e comecei a escrever.

Estava concentrado, mas não pude deixar de prestar atenção no diálogo da mesa vizinha. Nela, dois advogados aguardavam o início das atividades forenses. Conversavam sobre uma ação de rito ordinário em trâmite na vigésima oitava vara cível. Era um processo de indenização por danos morais.

Os rábulas, enquanto cuspiam jargões advocatícios pros quatro cantos daquela panificadora secular, fundada em 1872, faziam questão de mirar de soslaio os três candangos ignorantes que passavam a constituir público estupefato, e enfatizavam palavras estranhas ao vocábulo dos matutos.

O chicaneirinho mais moço – e mais empolgado também – repetiu as expressões “embargos infringentes” e “mandado de injunção” uma meia dezena de vezes fora do contexto, haja vista que se tratava de uma açãozinha corriqueira de primeira instância. Mas, pros que querem saborear a convenção social que denomina doutores os meros graduados, sem precisar fazer o sacrifício de cursar medicina, aquele posicionamento arrogante é um deleite.Clicando aqui, você assiste ao vídeo com animação digital
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A ex-mocinha, logo, dirigiu-se até a saída, esbugalhou os seus olhos acarminados e tomou-me como alvo pela última vez, berrando com classe e doçura:

– Seu aleijado! Não esquece a sua muleta, seu aleijado! – Sendo irônica, é claro, pois não tenho nenhuma deficiência física.

O que terá sido a simpática matusalém nos idos da longínqua década de setenta? Uma generosa prostituta ou uma delatora de complacentes militantes políticos da esquerda comunista? Talvez...

E, na idade fragilizada, quando chega a hora dos maus pagarem por seus erros e dos bons estarem espiritualmente evoluídos a ponto de não se deixarem atingir, ela é uma senhora imunizada.
(Trecho da crônica "Orgulho de uma sociedade que respeita as minorias e os mais fracos")
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Naquela noite de sábado, no sarau, fui convidado a declamar a minha poesia. Foi muito bom. Tudo o que saiu de dentro de mim, enquanto estava lançado no canto poeirento do quarto, pensando estar sozinho no mundo, ia ao encontro do sentimento de tanta gente. Pensamos que somos únicos e, de certo modo, somos mesmo, até certo ponto, mas é assustador quando descobrimos que sentimentos tão íntimos são comuns ao animal humano.

Por um lado, é agradável porque nos sentimos mais compreendidos e menos sozinho, entretanto, por outro, é péssimo porque perdemos aquela sensação de individualidade, da qual sentimos um orgulho besta que achamos ser o elemento diferenciador dos demais pares.

Não é o ser humano que não sabe o que quer, são os sentimentos que são ambíguos demais. Ao mesmo tempo que é tolice querer que o Universo funcione conforme as nossas próprias regras, as adversidades também não precisavam pegar tão pesado, não é Senhor Criador?

Este é o preço caro que se paga por ter um cérebro pensante e a dificuldade que se tem de encontrar pessoas inteligentes para compartilhá-lo.
(Trecho da crônica para rádio "Filosofias afrodisíacas para convencer mulheres")
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Em meados do mês de novembro de 1985, época em que o natal começa a permear a fantasia coletiva, a professora de artes pediu a nós, crianças de oito anos que cursavam a segunda série, que desenhássemos o Papai Noel. Seria realizada uma votação, entre os próprios alunos, para decidir qual dos desenhos era o mais bonito.

Nunca fui hábil na técnica de contornar figuras manualmente, por isso não dei muita importância àquela tarefa.
(Trecho da crônica para rádio "O que eu aprendi com o Papai Noel")
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